Especialistas detalham pilares essenciais para construção de um modelo de negócios sustentável e responsável
A integração de práticas robustas de cibersegurança e a aderência à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) emergem como componentes indispensáveis para as empresas comprometidas com a agenda de Sustentabilidade Ambiental, Social e Governança (ESG) em 2024. O compromisso vai além da simples conformidade regulatória ou da proteção contra ameaças digitais; reflete uma profunda responsabilidade corporativa e uma visão estratégica que reconhece a conexão entre tecnologia, ética e sustentabilidade.
No começo do ano, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) anunciou planos de intensificar a fiscalização sobre as violações à LGPD em 2024.
“Este anúncio vem em um momento crítico, em que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países mais impactados por crimes cibernéticos na América Latina. Por aqui, tivemos uma taxa alarmante de 1.554 tentativas de ataques de malware por minuto”, comenta Marcelo Pereira, diretor comercial e marketing da BrevenLaw, startup de compliance jurídico.
Pereira cita relatório recente do Fórum Econômico Mundial (FEM), que mostra o risco de ciberataques entre os cinco principais assuntos com potencial de desencadear uma crise material em escala global. Nesse contexto, a advogada Maria Heloísa Chiaverini de Melo, mestre em Ciências Sociais e especialista em Compliance, Governança e Direito Digital, destaca que investir em cibersegurança e na privacidade do cliente é determinante para as empresas que pretendem se alinhar à agenda ESG.
Caminho das pedras
Segundo a especialista, a não conformidade e a falta de uma cultura de segurança digital interna e externa, que inclui a governança tecnológica e a gestão de acessos, são falhas críticas que as empresas brasileiras devem superar em 2024 para alcançar a excelência em suas práticas ESG.
“A integração de cibersegurança e o desenvolvimento responsável de tecnologias de inteligência artificial (IA) nas estratégias de ESG são reconhecidas por suas contribuições em todas as dimensões: ambiental, social e de governança. Desde a otimização de processos para redução do consumo de recursos até a proteção de dados pessoais e a promoção de acessibilidade, a tecnologia desempenha um papel fundamental em direcionar as empresas para um futuro mais sustentável e ético”, comenta Maria Heloísa.
Dicas de especialista
Para ampliar a resiliência cibernética e alinhar-se com as práticas ESG, as organizações devem focar na cadeia de fornecedores, um ponto crítico de vulnerabilidade. Relatório da Accenture revela que 41% das empresas que sofreram incidentes materiais nos últimos 12 meses disseram que eles foram causados por terceiros.
“Este aspecto ressalta a necessidade de uma abordagem integrada, que considere todos os elos da cadeia de valor na gestão de riscos cibernéticos e na promoção de práticas sustentáveis”, explica a advogada.
Maria Heloísa reforça que 2024 desafia as empresas brasileiras a reconhecerem a cibersegurança e a conformidade com a LGPD não apenas como requisitos legais, mas como pilares essenciais para a construção de um modelo de negócios sustentável e responsável.
“Ao fazer isso, elas não só protegem seus ativos e clientes, mas também fortalecem sua posição no mercado como líderes em responsabilidade corporativa e inovação ética, além de terem acesso preferencial a crédito no mercado financeiro”, completa.